10/01/2012 - Natural de Apodi, nascido a 9 de março de 1928, filho de José Freire de Oliveira Neto e de Francisca Celsa de Oliveira, adotado pela cidade de Mossoró, morreu ontem aos 83 anos de idade dom José Freire de Oliveira Neto.
Segundo bispo com origens fixadas na região, dom José governou a diocese durante 20 anos.
Com duas décadas de atuação direta no comando da Igreja em nível regional, dom José Freire pertence à safra dos bispos de grandes ideais, que marcou a era de ouro da Igreja no Brasil.
Na diocese, ele foi o bispo que abriu as portas da Igreja para os leigos, criou as assembleias de pastoral, aplicou o planejamento participativo e reacendeu as pastorais sociais.
Pertencente à geração dos militantes da Igreja Pós-Conciliar, tinha opções eclesiais claras e dedicava seu trabalho a causas nobres, ao lado de grandes religiosos do Nordeste, como Aloísio Lorscheider, José Maria Pires, Hélder Câmara, Paulo Evaristo, Eugênio Sales e Luciano Mendes.
Na época em que assumiu o comando da Igreja na Diocese de Mossoró, dom José Freire foi responsável pelo desenvolvimento de um importante trabalho num período de transição sociopolítico do país.
Naquela época, 1984, ainda vivendo sob a ditadura militar, havia no episcopado brasileiro uma natural divisão entre os bispos.
Mesmo diante da instabilidade dom José optou ficar do lado do povo, lutando pelo resgate da democracia, justiça social e pela liberdade de expressão.
Iniciou seus estudos de padre no Seminário de Santa Teresinha, em Mossoró, deu andamento no Seminário de São Leopoldo (RS) e concluiu com o mestrado em Ciências da Educação, com especialização em Catequese, pela Pontifícia Universidade Salesiana, em Roma.
"Era nostálgico e, ao mesmo tempo, divertido, escutar dom Freire falando da sua bela história vocacional. Várias vezes, no Seminário de Santa Teresinha, tivemos a oportunidade de escutá-lo: narrava com detalhes, desde o dia em que chegou de trem a Mossoró para entrar no seminário menor, suas viagens de navio a São Leopoldo, sua relação de amizade com Sátiro e Américo, que, na época, também eram seminaristas", destaca o padre Talvacy Chaves, que estuda Comunicação Social em Roma.
Após décadas dedicadas à religião e às causas sociais, dom José Freire parte deixando uma marca no zelo pelas pastorais sociais: Ceapac (Centro de Apoio a Projetos Alternativos Comunitário), CPT (Comissão da Pastoral da Terra) Cáritas, Pastoral da Criança, entre outras.
"Dom Freire entendia que ser pastor em uma realidade onde a maioria vive à margem dos direitos humanos básicos, não priorizar a pastoral social, seria como marginalizar na Igreja o próprio Jesus Cristo, ou seja, relativizar o tão sonhado Reino de Deus, revelado por Jesus nas Bem-Aventuranças de Mateus", conclui Talvacy Chaves.
FONTE; JORNAL O MOSSOROENSE
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